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martes, 27 de octubre de 2020

"Al borde del otoño abierto" Cuento de Cláudio César Jr.



    Eis que estou vivendo a primeira penumbra realmente notável em minha vida. Neste mês de Abril as algea se certificaram de que meu sofrimento seria degustado com maior atenção e servido com peixes e frutos do mar. Esta noite, assim como as outras deste mês, estou só. Na verdade não estou sozinho, há outros sete que estão sozinhos comigo também. No início o isolamento nem foi o mais preocupante, na verdade eu nem pensava nisso, o pior foi não poder beber nem uma gota de álcool. Mentira. O pior foi não poder ter comigo um maço de Derby. Já se passaram quarenta dias que estou aqui, vai dizer que é tempo demais pra ficar isolado? Eu te digo que é tempo demais pra poder pensar. É sério, mas tempo algum é tempo demais pra me pegar pensando em você. A noite, de manhã, no calor do meio dia, não importa. Penso em você todos os dias. Aproveito para escrever, o lugar onde eu estou, se você esquecer todo o resto, é lindo. Reparei que a lua está sempre calma e as estrelas formam um espetáculo só, melhor do que estas lâmpadas amareladas orbitadas por mosquitos do tamanho de um morcego. Nos primeiros dias não tinha nada, a noite era terrível, eu me sentia horrível mas sempre havia alguém bem pior, ninguém se sentindo tão mal quanto o outro ao lado.

    É engraçado, sabia? Quando todo mundo passa o dia trabalhando, comprindo metas, ascentando mais um tijolo, dirigindo mais alguns quilômetros, atendendendo alguns pacientes, e logo depois vão ao bar e no meio dessas conversas (que acontecem no bar) alguém imagina como é estar preso. Vários anos atrás das grades, ou algum tempo isolado em uma ilha “como deve ser insuportável, dizem”. Devo dizer a todas essas pessoas que é suportável. Eu mesmo imaginava essas situações nos bares e me arrepiava com a ideia de estar isolado. Bem, eu estou aqui. Vivendo um dia após o outro e suportando todos os momentos de desespero como se fosse o último. Coloque muito sofrimento psicológico nesse desespero que eu disse. Mas eu sempre digo a mim mesmo que eu vim parar aqui não foi para largar a bebida ou o cigarro, estou aqui para parar de sofrer. A dor de estar sozinho, isolado e preso, eu não posso evitar. É compulsório. Mas o sofrimento é opcional.

    O corpo humano se adapta muito fácil. Ele se acostuma rápido a nova rotina, logo na primeira semana eu já estava acostumado com os horários, o trabalho, o descanso, a todas as necessidades daqui. Já o espírito, bem, eu não estaria escrevendo isso tudo se meu estado de espírito estivesse adaptado tão fácil. Mas escrever me ajuda, vomitar tudo sabe? Como dizia Caio Fernando Abreu, você pode peneirar a gosma mas primeiro tem que vomitar tudo! É assim mesmo.

    Posso dizer que com os companheiros me dou bem. No início todos parecem estranhos intrusos, sempre estava com preconceitos e dizia não ser igual a ninguém ali. Creio que me dou bastante bem com todos os sete que estão aqui. O difícil mesmo é quando o desespero de um contagia o outro e quando percebemos estamos todos desesperados. Acontece também, naturalmente, quando alguém imune a esta epidemia produza anticorpos e a resistência vem forte através das palavras, o que leva a um desentendimento muito desagradável mas que sempre termina bem pois percebemos o quão gratos somos por ter um ao outro ali. A presença é obrigatória, claro. Tem dias em que um não quer nem ver a cara do outro. Nesses dias é que sinto de verdade a solidão total, é um saco todo esse silêncio.

    Já não tenho notícias do lado de fora já fazem quase um mês. Não devo perguntar o que houve pois estas cartas que escrevo nunca serão enviadas (é sobrevivência mesmo). Também não vou perguntar o que não houve, óbvio. Estão dizendo que daqui um mês tudo voltará ao “normal” e que poderia sair livremente por aí. Não acredito, na verdade já nem espero tanto. Você não imagina o quanto eu sinto a sua falta, toda essa minha capacidade de aguentar firme, me adaptar, em um terreno bem árido para se adaptar, com toda a certeza é algo que meu espírito e muito menos o meu corpo de homo sapiens vão se acostumar. Eu me pergunto todos os dias se vou. Não que me desperte medo, sempre foi muito duro e eu me contentava em observar apenas seus olhos. Era tão surpreendentemente maravilhoso. Mas acho que não adiantou nada, eu nunca pensei que seria assim tão deprimente um anjo sem guarda. Já é hora de desprender de sua áurea, é hora de acabar com esse mogno envernizado, essa carne lisa, desse Mítia, trago infinito, esse excesso de amor. 

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    He aquí, estoy experimentando la primera tristeza realmente notable en mi vida. Este abril, la algea se aseguró de que mi sufrimiento fuera saboreado con más cuidado y servido con pescado y marisco. Esta noche, como las demás de este mes, estoy solo. En realidad, no estoy solo, hay otros siete que están a solas conmigo también. Al principio el aislamiento no era ni siquiera lo más preocupante, de hecho ni siquiera lo pensaba, lo peor era no poder beber ni una gota de alcohol. Mentira. Lo peor fue no poder llevarme un paquete de Derby. Han pasado cuarenta días desde que estoy aquí, ¿dirás que es demasiado tiempo para estar aislado? Te digo que es demasiado tiempo para poder pensar. En serio, pero no es demasiado tiempo para sorprenderme pensando en ti. Por la noche, por la mañana, con el calor del mediodía, no importa. Pienso en ti todos los días. Aprovecho para escribir, el lugar donde estoy, si te olvidas de todo lo demás, es hermoso. Noté que la luna siempre está en calma y las estrellas son solo un espectáculo, mejor que estas lámparas amarillas orbitadas por mosquitos del tamaño de un murciélago. En los primeros días no había nada, la noche era terrible, me sentía horrible pero siempre había alguien mucho peor, nadie se sentía tan mal como el siguiente.

    Es gracioso, ¿sabes? Cuando todo el mundo se pasa el día trabajando, comprando tonterías, levantando otro ladrillo, conduciendo unos kilómetros más, atendiendo a algunos pacientes, y poco después se van al bar y en medio de estas conversaciones (que tienen lugar en el bar) alguien se imagina lo que es estar estancado. Varios años tras las rejas, o algún tiempo aislado en una isla "como debe ser insoportable, dicen". Debo decirle a toda esta gente que es soportable. Yo mismo me imaginaba estas situaciones en los bares y me estremecía la idea de estar aislado. Bueno, estoy aqui. Vivir día tras día y soportar cada momento de desesperación como si fuera el último. Pon mucho sufrimiento psicológico en esa desesperación que dije. Pero siempre me digo que vine aquí para dejar de beber o fumar, estoy aquí para dejar de sufrir. El dolor de estar solo, aislado y atrapado, no puedo evitarlo. Es obligatorio. Pero el sufrimiento es opcional.

    El cuerpo humano se adapta muy fácilmente. Se acostumbra rápidamente a la nueva rutina, ya en la primera semana ya me acostumbré a los horarios, al trabajo, al resto, a todas las necesidades aquí. Espíritu, por otro lado, bueno, no estaría escribiendo todo esto si mi estado de ánimo se adaptara tan fácilmente. Pero escribir me ayuda, vomitar todo, ¿sabes? Como dijo Caio Fernando Abreu, puedes tamizar la sustancia pegajosa, ¡pero primero tienes que vomitar todo! Es así mismo.

    Puedo decir que me llevo bien con mis compañeros. Al principio todo el mundo parece un extraño intruso, siempre tenía prejuicios y decía que no era como nadie allí. Creo que me llevo bastante bien con los siete que están aquí. Lo difícil es cuando la desesperación de uno atrapa al otro y cuando nos damos cuenta de que todos estamos desesperados. También ocurre, por supuesto, cuando alguien inmune a esta epidemia produce anticuerpos y la resistencia llega a través de palabras fuertes, lo que lleva a un desacuerdo muy desagradable pero que siempre termina bien porque nos damos cuenta de lo agradecidos que estamos de tenernos allí. La asistencia es obligatoria, por supuesto. Hay días en los que uno ni siquiera quiere ver la cara del otro. Estos días realmente siento una soledad total, apesta todo ese silencio.

    No he tenido noticias del exterior durante casi un mes. No debo preguntar qué pasó porque estas cartas que escribo nunca serán enviadas (es realmente supervivencia). Tampoco voy a preguntar qué no sucedió, obviamente. Dicen que en un mes todo volverá a la “normalidad” y que podría funcionar libremente. No lo creo, de hecho ya ni siquiera espero tanto. No te imaginas lo mucho que te extraño, toda mi capacidad de aguantar, de adaptarme, en un terreno muy árido para adaptarme, ciertamente es algo que mi espíritu y mucho menos mi cuerpo de homo sapiens hará acostumbrarse a. Me pregunto todos los días si voy. No es que tenga miedo, siempre fue muy difícil y me contenté con mirarle a los ojos. Fue tan sorprendentemente maravilloso. Pero no creo que haya ayudado, nunca pensé que sería tan deprimente para un ángel desprotegido. Es hora de dejar ir su apogeo, es hora de acabar con esta caoba barnizada, esta pulpa suave, esta Mythia, te traigo infinito, este exceso de amor.

Traducción: Revista Innombrable


*Cláudio César Jr, residente de Mariana MG.Brasil, estudiante de economía y escritor de corazón. Escribe cuentos, crónicas y se aventura en la poesía, como inspiración tiene la región donde vive (inconfidentes) en Minas Gerais, entre sus autores favoritos destaca a Hermann Hesse, Lygia Fagundes Telles y José Saramago.

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